quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O acaso basta



Sábado a noite, eu sozinha em casa pensando na vida...ultimamente ando pensando demais na vida...sobre as mudanças que pretendo concretizar e aquelas que já estou concretizando.... enfim, dentre vários assuntos, obviamente, também está inserido o tema afetividade.

Acabo de assistir um programa de televisão, cujos participantes estavam debatendo justamente o tema afetividade e a conclusão de um deles me chamou atenção: “É preciso minimizar a atuação do “acaso” nas relações amorosas atuais! Não há mais tempo para isso!”

Tudo bem, é fato que todo mundo anda sem tempo....muito embora o dia continue tendo 24 horas...

Às vezes acho que a falta de tempo é uma espécie de fuga, outras vezes entendo que é mazela das megalópoles solitárias...seja como for, a questão é que a maioria das pessoas (dentre as quais euzinha estou incluída) se pergunta onde estão as outras pessoas disponíveis (=solteiras; =no mercado), dispostas a iniciarem relacionamentos amorosos.

Será que realmente existe um lugar certo para que essas pessoas enganem o “acaso” e os “desencontros”, para finalmente se conhecerem e estabelecerem prática e eficazmente as condições para se relacionarem?

Pra falar a verdade, eu sempre acreditei no amor que acontece por acaso...meus ex-namorados/ficantes/amigos coloridos/peguetes/beliscos, enfim, eu os conheci na balada, bares, viagens, aviões, trens, taxis, supermercados, casa de amigos, praias, sempre com a ajudinha do “acaso”.

O problema é que o “acaso” não marca horário, não dá qualquer sinal de fumaça para que possamos nos preparar para encontrarmos o outro.  Um dos meus últimos namorados, por exemplo, eu conheci em um sábado a tarde no supermercado.  Pensem na cena: eu havia acabado de sair da sessão de drenagem linfática, com o cabelo todo cheio de creme (parecendo que não lavava há um mês), preso num coque bem do mal feito, de calça de moletom, blusinha de malha, tênis, sem maquiagem, sem salto alto....e ele me olhou de um jeito que fiquei pensando que havia alguém atrás de mim...não era possível que um homem poderia cogitar a possibilidade de flertar comigo naquele estadinho!!!

Os participantes do programa de televisão estavam comentando que a moda agora é marcar encontros pela internet. Os interessados se cadastram em sites de relacionamentos, informam suas preferências, acertam os detalhes do encontro pelo MSN e pronto: um “dating” express está marcado! Com a vantagem de você poder se produzir toda para o primeiro encontro e controlar, inclusive, qual será o programa para o almoço ou jantar, para que você não corra o menor risco de ser pega desprevenida com um pedaço de rúcula nos dentes....

Os que defenderam esse modelo de “dating express”,  diziam que o “acaso” é cruel, pois além de colocar as pessoas em situações constrangedoras, condena à solidão aqueles que não encontram seus pares.

Em contrapartida, outros participantes diziam que o “dating express” milita contra o romantismo e o mistério das relações amorosas, que são de suma importância para despertar o desejo dos envolvidos.

A par disso, com um aspecto muito importante todos os participantes concordaram: independentemente das relações amorosas se iniciarem por obra do “acaso” ou do “empreendedorismo” dos envolvidos, o que vale mesmo é o diálogo sincero. Não adianta inventar uma verdade para o outro, fazer joguinhos de sedução, do tipo, não vou falar o que eu sinto porque aí estarei me colocando nas mãos do outro...e por aí vai...fato é que mais cedo ou mais tarde, tudo vem à tona!

Eu, aqui, neste momento de reflexão, concordo que muitas coisas não foram ditas quando o que se tinha a dizer era um espontâneo eu te amo....

A.D.