segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

PS: eu não te amo mais - O reencontro



Eu jurei pra mim que não iria mais tocar no assunto...em vão.  A vida se encarrega de nos colocar a todo instante em situações que nos permite fazer novas escolhas, e infirmar ou confirmar as escolhas já feitas.

Eu até já havia publicado aqui no blog um texto um tanto quando romantizado sobre a minha ultima paixão avassaladora, cujo final escrevi em letras garrafais: “EU SINTO MUITO. EU NÃO TE AMO MAIS”.

Meses se passaram, e eu encarei o custoso processo de modificação de padrões de comportamentos e emoções em razão de uma escolha racional: “eu não te amo mais”.

A expressão, por certo, não é a mais adequada porque a opção por não amar mais alguém não pode ser tão racional assim...não pra mim, pelo menos, que sou emoção pura, na versão mais rudimentar que alguém possa imaginar...

Seja como for, no início do processo eu pensava nele todos os dias, aliás, muitas horas por dia...por inúmeras razões, mas principalmente pelo fato de sermos vizinhos. Eu tinha pavor de cogitar a possibilidade de encontrar com ele na padaria, no supermercado, no parque, no meio da rua, ou em qualquer outro lugar...não antes do meu corpo inteirinho assimilar que eu não podia mais amá-lo.

Já contei também no outro texto que escrevi que eu voltei pra terapia. Na primeira sessão eu disse à minha terapeuta: “ótimo, estou dilacerada, a escolha foi racional, minha, sei o que estou fazendo e estou disposta a pagar este preço. Agora, por favor, me ajuda, o que eu faço para doutrinar meu corpo, minha mente e minhas emoções sobre essa nova realidade? Eu faço tudo o que você recomendar: se for preciso, correrei dez voltas no quarteirão de casa todos os dias, subirei de joelhos as escadas para chegar até o décimo quinto andar do prédio onde trabalho, sério, estou disposta.”

Por óbvio que eu não precisei fazer nada disso, os dias foram passando, eu já não pesava tanto nele assim...não todos os dias...outros homens desviaram minha atenção, ainda que por alguns instantes, até que na semana passada, deitei no divã e falei: “estou curada. Sério, não consigo me lembrar qual foi a última vez que pensei nele. Não consigo mais visualizar o rosto dele. Eu até parei de fugir do fantasma dele na padaria, no supermercado, na rua, no parque...aliás, eu não sei sequer se ele ainda vive.”

Pois é, por ironia (ou não) do destino, hoje eu vi que ele ainda vive. E não só vive, como está casado com a Pessoa que ligou pra ele às duas horas da manhã, naquela fatídica madrugada que dormíamos juntos. Encontrei com os dois no supermercado.

Posso falar uma coisa? Não me arrependo nem por um instante de ter tomado a decisão de afastar da minha vida um homem incapaz de fazer suas escolhas. E sabe, dentro daquilo que eu acredito (agora estou 100% falando de mim), acho que a pessoa que se omite em relação aos desafios da vida, também está fazendo uma escolha. A escolha de desperdiçar a oportunidade de assumir seus desejos. Mas neste caso, isso é problema dele. 

A.D.

2 comentários:

  1. O texto é delicioso e a história, uma lição, um consolo e um incentivo para aquelas que precisam ter coragem e força para enfrentar o primeiro passo da "Terapia do Eu Não Te Amo Mais". A típica dor que tem que ser sentida para poder ser eliminada. Uma dor intensa, inevitável, mas que tem cura. Sou sua fã! Vc é uma daquelas raras pessoas que conseguem passar, em palavras, a mesma emoção e intensidade que passaria em uma sempre agradável e bem vinda conversa entre amigas. Parabéns pela história e pelo dom! Beijo grande e na torcida por um reencontro pessoal. Paula (amiga Robs)

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  2. Nossa, agora eu estou sem palavras...obrigada, Paula, pelo carinho de sempre! E vamos ver se conseguimos finalmente marcar um dia para colocarmos os assuntos em dia! bjo, Amiga!

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