Eu jurei pra mim
que não iria mais tocar no assunto...em vão.
A vida se encarrega de nos colocar a todo instante em situações que nos
permite fazer novas escolhas, e infirmar ou confirmar as escolhas já feitas.
Eu até já havia
publicado aqui no blog um texto um tanto quando romantizado sobre a minha
ultima paixão avassaladora, cujo final escrevi em letras garrafais: “EU SINTO
MUITO. EU NÃO TE AMO MAIS”.
Meses se
passaram, e eu encarei o custoso processo de modificação de padrões de
comportamentos e emoções em razão de uma escolha racional: “eu não te amo
mais”.
A expressão, por
certo, não é a mais adequada porque a opção por não amar mais alguém não pode
ser tão racional assim...não pra mim, pelo menos, que sou emoção pura, na
versão mais rudimentar que alguém possa imaginar...
Seja como for,
no início do processo eu pensava nele todos os dias, aliás, muitas horas por
dia...por inúmeras razões, mas principalmente pelo fato de sermos vizinhos. Eu
tinha pavor de cogitar a possibilidade de encontrar com ele na padaria, no
supermercado, no parque, no meio da rua, ou em qualquer outro lugar...não antes
do meu corpo inteirinho assimilar que eu não podia mais amá-lo.
Já contei também
no outro texto que escrevi que eu voltei pra terapia. Na primeira sessão eu
disse à minha terapeuta: “ótimo, estou dilacerada, a escolha foi racional,
minha, sei o que estou fazendo e estou disposta a pagar este preço. Agora, por
favor, me ajuda, o que eu faço para doutrinar meu corpo, minha mente e minhas
emoções sobre essa nova realidade? Eu faço tudo o que você recomendar: se for
preciso, correrei dez voltas no quarteirão de casa todos os dias, subirei de
joelhos as escadas para chegar até o décimo quinto andar do prédio onde
trabalho, sério, estou disposta.”
Por óbvio que eu
não precisei fazer nada disso, os dias foram passando, eu já não pesava tanto
nele assim...não todos os dias...outros homens desviaram minha atenção, ainda
que por alguns instantes, até que na semana passada, deitei no divã e falei: “estou
curada. Sério, não consigo me lembrar qual foi a última vez que pensei nele.
Não consigo mais visualizar o rosto dele. Eu até parei de fugir do fantasma
dele na padaria, no supermercado, na rua, no parque...aliás, eu não sei sequer
se ele ainda vive.”
Pois é, por
ironia (ou não) do destino, hoje eu vi que ele ainda vive. E não só vive, como
está casado com a Pessoa que ligou pra ele às duas horas da manhã, naquela
fatídica madrugada que dormíamos juntos. Encontrei com os dois no supermercado.
Posso falar uma
coisa? Não me arrependo nem por um instante de ter tomado a decisão de afastar
da minha vida um homem incapaz de fazer suas escolhas. E sabe, dentro daquilo
que eu acredito (agora estou 100% falando de mim), acho que a pessoa que se omite
em relação aos desafios da vida, também está fazendo uma escolha. A escolha de
desperdiçar a oportunidade de assumir seus desejos. Mas neste caso, isso é
problema dele.
A.D.
O texto é delicioso e a história, uma lição, um consolo e um incentivo para aquelas que precisam ter coragem e força para enfrentar o primeiro passo da "Terapia do Eu Não Te Amo Mais". A típica dor que tem que ser sentida para poder ser eliminada. Uma dor intensa, inevitável, mas que tem cura. Sou sua fã! Vc é uma daquelas raras pessoas que conseguem passar, em palavras, a mesma emoção e intensidade que passaria em uma sempre agradável e bem vinda conversa entre amigas. Parabéns pela história e pelo dom! Beijo grande e na torcida por um reencontro pessoal. Paula (amiga Robs)
ResponderExcluirNossa, agora eu estou sem palavras...obrigada, Paula, pelo carinho de sempre! E vamos ver se conseguimos finalmente marcar um dia para colocarmos os assuntos em dia! bjo, Amiga!
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