segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Acontecimentos Inusitados



Trânsito é enlouquecedor para todas as pessoas, certo? Todo mundo trata de fazer alguma coisa para manter a sanidade. É só olhar pro lado. Alguns ligam o som alto, cantam, dançam, lêem, cutucam o nariz, trabalham, fazem a unha...sim gente, pasmem, uma amiga já fez as unhas no trânsito! Ela tirou lixou, tirou cutícula e esmaltou! Manicure completa!

Bom, a par essas coisas comuns, e outras nem tanto, que a gente consegue ver, no trânsito acontecem coisas inusitadas, invisíveis. A Cássia é uma amiga de faculdade, de longa data... é a pessoa que mais atrai esses “acontecimentos inusitados no trânsito”. Nós, amigas, costumamos dizer que a Cássia “derruba homens no trânsito”! Como assim? Explico:

A Cássia é uma mulher comum: não é deslumbrante, mas quando ela quer, ahhhh meus queridos, ela se transforma. Como diz um amigo gay, ela sobe no salto, gruda no teto e arrasa!

Pois bem, um dia a Cássia foi designada pelo sócio do escritório que trabalhávamos para ir ao Rio de Janeiro resolver um assunto profissional no Tribunal de Justiça. Ela se pôs linda e deslumbrante no seu terno preto, bem cortado. Vestiu um sapato que a deixava com uma postura muito sensual e partiu no vôo das sete da manhã. Considerando que o compromisso estava agendado para às 14:00, a Cássia teria tempo de sobra para cumprir com o esperado e retornar a São Paulo no mesmo dia.

Durante o vôo ela, como de costume, não reparou nas pessoas que estavam ao seu redor. Preocupou-se apenas com o retoque da sua maquiagem, sempre impecável.

O avião que estava previsto para pousar no Aeroporto Santos Dumont acabou pousando no Aeroporto do Galeão, duas horas mais tarde do previsto. Quando ela finalmente desembarcou, o caos estava instaurado: a chuva tinha inundado a cidade! Não havia taxi suficiente para transportar todas as pessoas que estavam no Galeão.  E agora? Há poucas horas do horário marcado para o compromisso profissional, a única voz que a Cássia conseguia ouvir no meio daquele tumulto dizia que o acesso ao Centro do Rio de Janeiro estava obstruído em decorrência de uma queda de barreira no túnel Rebouças. Pronto: pânico!

De repente, ela conseguiu escutar uma outra voz: a de um homem que perguntou se ela gostaria de dividir um taxi com ele até o Centro. Ele iria para um compromissoem um Clientepróximo ao destino dela. Na mesma hora, sem olhar para o rosto daquela alma que estava salvando a sua vida e o seu emprego, ela aceitou.

Eles levaram mais de três horas para chegar ao Tribunal de Justiça. Durante o trajeto, conversaram sobre o clima na Terra, trânsito, mercado financeiro (ele trabalhava com mercado financeiro), advocacia no Brasil (a Cássia é advogada), política, estudos, animais de estimação, família, amigos, restaurantes, festas, viagens, perfumes, elegâncias, gentilezas...até que enfim a Cássia chegou no seu destino. Ela saiu do taxi e quis pagar a corrida. Ele não aceitou. Ele pegou o telefone dela apenas por precaução, para se certificar mais tarde que ela embarcaria naquele mesmo dia de volta a São Paulo.

Não preciso dizer que a Cássia perdeu o compromisso, e os Desembargadores também. O compromisso foi adiado e o “homem do taxi” (sim, ele se identificou como o “homem do taxi”) ligou para ela perguntando sobre o vôo de retorno. Nessa altura do campeonato, a Cássia estava tentando remarcar a passagem aérea para o dia seguinte, e também procurando um quarto de hotel para passar a noite. As dificuldades aumentavam... sabe aquelas coisas que sempre acontecem tudo junto? Os aeroportos no Rio de Janeiro estavam fechados, os hotéis estavam lotados...tudo conspirava contra a Cássia....ou a favor...

Prontamente o “homem do taxi” disse que a empresa para a qual ele trabalhava havia reservado um quarto no Sheraton e a Cássia estava convidadíssima para passar a noite no mesmo hotel.

Quando ela chegou na recepção, havia um quarto reservado em seu nome. Ela subiu, exausta! Agradecendo ao universo por ter aparecido o “homem do taxi” que havia lhe salvado o dia por duas vezes!

Em cima da cama havia um bilhete:  “Bem-vinda! Aguardo você no Sushi Leblon para o jantar. Beijos, “Homem do Taxi.”

A noite foi maravilhosa! Eles jantaram, conversaram, deram boas risadas, tomaram algumas cervejas, voltaram para o hotel e... se beijaram e transaram loucamente até o amanhecer.

Ah, o nome do “Homem do Taxi”? Ela se lembra... Cássia, continuo sua amiga, tá? Juro que não vou contar as estórias de Caxias do Sul, de Buenos Aires, de Brasília, de Atenas, de Paris, de Nova Iorque...

A.D.

 

2 comentários:

  1. Parabéns! Amei o post... Até parece historia do final da revista Marie Claire, sabe daqueles livros?! Pois bem, um arraso a historia e sua narração.

    Beijos!

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